Viveka | O Conhecimento Genuíno
- Jeff Flausino
- 13 de jul.
- 2 min de leitura
Atualizado: 13 de jul.
Você não precisa concordar com tudo — mas precisa estar disposto a aprender

Um convite à humildade do Yoga e à coragem de se transformar.
No caminho do Yoga - e da vida - muitas vezes confundimos aprendizado com aceitação cega, e evolução com conformidade.Mas a verdade é que crescer não é sobre concordar com tudo. É sobre saber escutar sem se defender, refletir sem apego e, acima de tudo, questionar a si mesmo com honestidade.
Se você só aprende com aquilo que já confirma suas ideias, você não está aprendendo - está se protegendo.
O que o Yoga nos ensina sobre isso?
Na filosofia do Yoga clássico, há um conceito central chamado Viveka, que significa discernimento lúcido.Viveka é a capacidade de perceber o que é essencial e o que é passageiro; o que vem da verdade e o que vem do ego.Mas esse discernimento só floresce quando a mente está aberta o suficiente para ser contrariada.
A mente comum, marcada pelo Ahamkara (o “eu” ilusório, o ego que se defende), tem pavor de ouvir algo que desafie suas crenças. Ela reage, resiste, rebate.Mas a mente do praticante de Yoga é treinada para algo maior: a escuta profunda, o desconforto consciente e o abandono da ignorância (Avidya).
Nem tudo que desafia sua certeza é um erro. Às vezes, é só a verdade batendo na porta que o ego insiste em manter fechada.
O que te incomoda nem sempre está errado.
Às vezes, está apenas certo demais para o seu ego aceitar.
Esse é um ensinamento que não vem apenas dos textos antigos, mas da prática viva no tapetinho, nas relações, no cotidiano.Quando você segura uma postura desconfortável, você está aprendendo a não reagir impulsivamente.Quando respira fundo diante de uma emoção difícil, você está treinando o espírito a observar antes de julgar.
Aprender é isso.É aceitar que você não é o centro da verdade.É ter coragem de ser humilde.É permitir que o novo entre — mesmo quando ele chega quebrando portas.
O verdadeiro mestre ensina com amor. Mas nem sempre com condescendência.
Ao longo de mais de 30 anos como professor, já vi muita gente dizer:“Isso não faz sentido pra mim”, “Não concordo com esse ponto”, “Acho essa técnica estranha”.
E, com o tempo, essas mesmas pessoas voltam… transformadas.Elas perceberam que o aprendizado não é sobre quem tem razão, mas sobre o quanto você está disposto a ir além do que já conhece.
No Yoga, o mestre não é o que te convence.É o que te provoca, te vira pelo avesso e te mostra o que você ainda não vê - sem jamais ferir sua essência.
Você não precisa concordar com tudo.
Mas precisa estar disposto a aprender… Pra finalmente compreender o que acha que já sabe.
Esse é o verdadeiro início do autoconhecimento:o momento em que você para de defender a versão antiga de si mesmoe começa a construir, com consciência e humildade, a próxima versão - mais lúcida, mais firme, mais real.
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