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Descubra o Fascinante Mundo dos Chákras no Yoga: Um Guia Para Iniciantes


Mapeamento dos Chákras

Na cultura sânscrita (que deu origem ao yoga), o termo "Chákra" evoca imagens de vórtices psíco energéticos, espirais de poder (no substantivo) e rodas de transformação e/ou aprimoramento de determinadas características comportamentais. No contexto do Yoga, a prática meditativa em torno dos chákras se concentra na construção mental de cenários simbólicos e atributos que cada indivíduo acredita serem necessários para amplificar suas faculdades psíquicas e espirituais.

 

De acordo com a tradição Tântrica, que deu origem ao conceito de Chákra, esses centros de energia psíquica são estruturas mentais, não físicas. Eles se manifestam inicialmente no plano mítico e vão se tornando mais evidentes no espaço mental à medida que o praticante se empenha em seu treinamento. Uma vez que se aprende a imaginar e sustentar esses chákras na mente, é possível então, através do pensamento, localizá-los em áreas específicas da anatomia física do corpo humano.

 

O treinamento inicial consiste em imaginar/visualizar as três figuras geométricas que formam a estrutura central de cada Chákra. Primeiramente, se imagina o quadrado vermelho, que representa o ser humano em sua forma bruta, não refinada e não educada, isto simboliza o aprisionamento do indivíduo nos desejos sensíveis. Em seguida, imagina-se o círculo amarelo, símbolo da disciplina, do treinamento e do esforço em dominar técnicas, conceitos e a percepção da realidade concreta de uma maneira menos distorcida. Por fim, visualiza-se o triângulo invertido azul, que representa a sublimação, a transcendência e a ascese espiritual, sendo o triângulo a representação geométrica universal da perfeição encontrada em diversas culturas ao redor do mundo, frequentemente associada a um Deus Trino.


Os chákras são portais de compreensão de diferentes características mentais da nossa existência; ao harmonizá-los, podemos encontrar equilíbrio e plenitude em diversas áreas da vida.

 

Os conjuntos simbólicos mais elaborados e detalhados relacionados aos chákras são reservados para estágios mais avançados do treinamento, após o praticante dominar as etapas primárias do dhárana (concentração e foco) na construção e sustentação mental dos símbolos do quadrado, círculo e triângulo invertido por um período de tempo significativo. Somente então é possível avançar nas etapas do treinamento meditativo em cada um dos vórtices de energia. Cada Chákra, como geralmente ilustrado em representações detalhadas em livros e internet, está repleto de simbolismos que o praticante precisa estudar, compreender e aplicar adequadamente para que esses centros de energia possam verdadeiramente influenciar, junto com outras técnicas, como pránáyama (respiratórios e canalização do pensamento), ásanas (técnicas de assento físico e mental), Kyias (purificadores), entre outras, na reeducação de características comportamentais e psíquicas desejadas pelo indivíduo.

 

Nesse sentido, contrariando a crença popular, a visão original tântrica afirma que os chákras não são inerentes ao nascimento de um indivíduo, mas sim desenvolvidos por meio de um treinamento mental dedicado e muito específico. Portanto, a afirmação generalizada de que todos os seres humanos possuem naturalmente seis ou sete chákras (dependendo da escola) é questionada pela tradição que a criou, o tantrismo.

 

Os chákras originais do tantrismo clássico são: Muladhára, Swadisthána, Manipúra, Anáhata, Vishúddha e Ajna - são concebidos não apenas como meros pontos de energia, mas sim como veículos de transformação psíquica. Cada um deles, uma vez construído no espaço mítico, é enriquecido com atributos e qualidades que os yogis mais comprometidos com a excelência consideram essenciais para o desenvolvimento pleno da mente humana.

 

Devido à confusão deliberada do termo Tantra no Ocidente, que o associa a práticas sexuais desregradas ou imorais, o tantrismo, de fato, tem pouco ou nada a ver com práticas sexuais. Tantra sugere, essencialmente, conhecimento - um conjunto de habilidades dominadas por um grupo específico e guardadas com muito cuidado. Na tradição, o Tantra representava a capacidade de dominar uma habilidade conhecida apenas pela família/clã (kulan) que a desenvolveu, como, por exemplo, a tecnologia para produzir um tipo específico de tecido, calçado ou ferramenta agrícola. Percebe-se, portanto, que o termo Tantra está intrinsecamente ligado ao domínio de diversas linhas do conhecimento hindu. Quanto à prática dos chákras, em particular no Yoga, o conhecimento (tantra) sobre o tema relaciona-se ao domínio de técnicas meditativas e nada mais.


Os seis chákras representam oportunidades para aprimorarmos as diversas dimensões de nossa personalidade.

 

Os seis Chákras principais estão equilibrados simbolicamente com os elementos primários da natureza. A terra, que representa a estabilidade, a firmeza e a segurança; a água, que representa a adaptabilidade, a fluidez e flexibilidade; o fogo, que simboliza a força, a energia transformadora e o vigor; o ar, parecido com a água, que simboliza a espontaneidade, a leveza e o alimento de outros elementos; e o éter ou vazio, que simboliza a criatividade, a inventividade e a união de todos os elementos.

 

Chákras essenciais do tantrismo yogi:

 

  1. Muladhára (Raiz): Localizado na base da coluna vertebral, está associado à estabilidade, ao desejo, segurança e instinto de autopreservação. É representado pela cor vermelha e está ligado ao elemento terra

  2. Swadhisthána (Sacro): Localizado na região pélvica, está associado ao prazer, a criatividade e a sexualidade. É representado pela cor laranja e está ligado ao elemento água.

  3. Manipúra (Plexo Solar): Localizado no plexo solar, está associado ao poder pessoal, autoestima e a energia física e psíquica. É representado pela cor amarela e está ligado ao elemento fogo.

  4. Anáhata (Coração): Localizado no centro do peito, está associado ao amor, a compaixão e aos relacionamentos humanos. É representado pela cor verde e está ligado ao elemento ar.

  5. Vishúddha (Garganta): Localizado na garganta, está associado à comunicação, a expressão e a verdade. É representado pela cor violeta e está ligado ao elemento éter ou vazio.

  6. Ajna (Olho Transcendental): Localizado entre as sobrancelhas, está associado à intuição, a percepção correta da realidade e a sabedoria. É representado pela cor azul celeste e está ligado à luz como a substância primeira.

 

Entenda que a prática da meditação através dos chákras não se trata de um exercício físico no sentido material, como muitos associam à manutenção dos chákras para a saúde física e regulação do funcionamento orgânico. Pelo contrário, é um exercício mental no sentido subjetivo da técnica. Ou seja, o treinamento mental através dos chákras, que só pode ser realizado pelo próprio indivíduo e nunca por intervenção de terceiros, produz, inicialmente, alterações na plasticidade mental. Dependendo da constância e da forma como o treinamento é conduzido, podem ocorrer resultados no corpo físico, limitados à reeducação de hábitos e condicionamentos. Isso, por sua vez, tende a promover mais saúde, tanto física quanto mental.

 

No entanto, é importante ressaltar que esta antiga técnica meditativa não deve ser considerada como a solução para problemas emocionais, questões intelectuais ou para curar doenças. Essa não é a finalidade deste treinamento. Seu objetivo é habilitar o intelecto e a mente a patamares elevados de domínio de determinadas faculdades mentais e/ou psíquicas.


A meditação tem por princípio higienizar a mente e equilibrar o espírito.

 

Ao observarmos as diversas técnicas de meditação propostas pela tradição sânscrita, fica evidente que o treinamento mental através dos chákras é uma das mais sofisticadas e, portanto, desafiadoras. A disciplina necessária para dominar esse tipo de conhecimento deve ser muito maior do que aquela exigida em outras escolas de meditação.

 

É importante compreender, também, que o trabalho com os chákras não se limita apenas ao domínio técnicas meditativas, mas vai além, alcançando a esfera mental e espiritual mais profunda. Ao praticarmos a meditação dos antigos yogis tântricos, estamos buscando a harmonização e o equilíbrio de nossos aspectos físicos, emocionais, mentais e espirituais. Portanto, é uma jornada interior profunda e transformadora, que requer dedicação, persistência e uma compreensão gradual dos níveis mais sutis da consciência humana.

 

Ao avançarmos nesse caminho, é crucial mantermos uma abordagem equilibrada e consciente, reconhecendo os limites de nossa compreensão e evitando atribuir à prática dos chákras poderes ou efeitos além de sua verdadeira natureza. É por meio da humildade, do respeito e da constante busca por autoconhecimento que podemos explorar plenamente o potencial transformador desse conhecimento em nossas vidas.

 

Como costumo dizer: Vamos meditar para não medicar!


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